Coisas que pensamos e não dizemos, por João Alfredo

COISAS QUE PENSAMOS E NÃO DIZEMOS

Não é de agora, mas já há algum tempo venho escrevendo sobre os males da copa, do mau investimento super evidente e de atitudes submissas do nosso governo perante grandes empresários que veem realizando eventos por nossas terras;

Escritas essas minhas que se tornaram até motivo de discussões plenas entre várias pessoas com opiniões divergentes; No entanto, aí vai mais uma deixa na qual sinto-me forçado a produzi-la:

Espero muito que os protestos sejam sinceros e que sejam regentes por uma sociedade que de fato, após algum tempo adormecida, resolveu acordar;

Vivemos sim em um país de lutadores que, conforme sua história, muitas coisas aqui conquistadas foi à base de sangue, suor e revoltas: nascemos escravos, nascemos colonizados, nascemos presos; de império a república, da ditadura a liberdade;

Vivemos em um país forjado por grandes empresários que acham que podem entrar aqui e fazer o que bem entender, pois em seus conceitos somos um povo atrasado e besta; porém, os manifestos que ocorrem (espero que o verbo continue sendo julgado no presente), representam muito mais que uma reivindicação por vinte centavos, mas sim denota um símbolo de aqui quem manda somos nós, como sempre o foi; contudo a sim de se reconhecer que nossa sociedade ainda é muito manipulada pelos vilões das antenas de TV, que usam suas armas de forma maciça para manter o povo igual, afirmando a submissão do brasileiro burro e tapado; deixamos tudo isso acontecer, permitimos isso: soubemos desde de 2010 que a copa seria aqui e deixamos acontecer, sempre sabemos a quem estamos dando o poder nas eleições e mesmo assim nos deixamos levar por argumentos falsários em época de campanha; sabemos que almejamos o que vem de fora, desde a roupa que vestimos a nossa alimentação, mesmo sabendo que pagamos mais caro contudo isso; enfim, sabemos que o que acontece com uma sociedade é fruto da própria sociedade;

Mas o mais importante: sabemos também que nunca é tarde pra acordar; e já que acordaram alguns, por que não acordar todos?

É hora de se olhar no espelho e dar um basta em tudo aquilo que foi aceito durante anos, desde a época pós ditadura até os dias de hoje; é hora de perceber que o Brasil é mais do Brasileiro de que qualquer outro ser, e pra fazer algo aqui tem ser com o nosso consentimento, e não com o aval de grandes empresários e emissoras de TV;

A FIFA, (grande empresa multinacional), não pode vir aqui e achar que pode fazer o que quer; Blatter, Valckmer, Ronaldo e os demais não podem chegar aqui e fazer o que bem entenderem, desde desapropriação à lavagem de dinheiro para favorecimento de certos políticos aproveitadores; Como disse Eduardo Galeano citado no feliz texto de Lúcio de Castro, referindo-se ao período de mineração: “o ouro deixou buracos no Brasil, templos em Portugal e fábricas na Inglaterra;

Bom, como andam dizendo por aí, o gigante acordou; e quando dizem “gigante”, senhores governantes e empresários, entendam “povo”, que agora resolve arregaçar as mangas e tomar de volta o tempo perdido, quando estávamos acometidos por uma inércia provocada por um grande e imensurável poder de alienação por parte de gente que tem dinheiro e poder, e que contagiou uma população a pouco fragilizada, devido a uma vontade de ter aquilo que nunca teve: qualidade de vida;

Não é por vinte centavos, mas sim por uma vida digna de quem acorda todo dia cedo pra trabalhar;

Não é por vinte centavos, mas sim “por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir”;

Não é por vinte centavos, mas sim por uma vida pura e simplesmente melhor;

E é assim que vai ser: do jeito mais brasileiro possível; sempre deixado à margem pelo Estado até que venha a próxima revolução;

Pois é senhores do poder (isso inclui você, querida presidente), aqui no Brasil não se vem a passeio, bagunça, leva pedaços generosos e sai ileso; aqui o povo também irá participar desse passeio, do seu jeito, supremo como sempre foi;

(João Alfredo)