Dois bandidos numa pausa para o almoço iniciam o seguinte diálogo:
Capetinha- Véio tu tá sabendo da obra mais importante de todos tempos para nossa cidade?
Zé Nojento- Que obra, mano?!
Capetinha - O Teleférico, doido!
Zé Nojento- Tais nessa de obra, é? Quero saber das paradas.
Capetinha - Má tu é muito burro mermo, véio, presta atenção! Isso é uma obra de alta complexidade, com investimentos de quase 11 milhões de reais e se não ultrapassar esse valor
Zé Nojento- Rapaz tu é um gênio mesmo, como é que tu sabe dessas coisas?
Capetinha- Internet, meu irmão! tá tudo na rede!
Zé Nojento - E o que nós temos a ver com isso?
Capetinha- Meu irmão, tu é muito otário, tu não presta nem pra ser bandido, véio!.
Zé Nojento- Que isso, mano! não esculacha não!
Capetinha - Com essa parada do teleférico imagina a turistada que vai vir pra cá, aí é que nóis entra, alto faturamento, brother! É dez assalto por minuto!
Zé Nojento- Não tinha pensado nisso! agora tô ligado.
Capetinha - Bom mesmo era se a gente pegasse o dinheirão dessa obra, eu não saberia nem o que fazer com tanta grana!
Zé Nojento- Isso né pra dois ?pé de chinelo? que nem nóis não, mano!
Capetinha- ?Pé de chinelo? não! Respeito é bom e eu gosto! Eu sou quase colarinho branco, tenho ficha limpa e tudo, comando altas operações tudo pianinho, se eu quisesse me candidatava até a vereador, é o fraco!
Zé Nojento- Tu é o cara mesmo!
Capetinha - Fiquei sabendo que essa verba só pode ser gasta com tal teleférico! Por ser uma verba do Ministério do Turismo.
Zé Nojento- Não é, mano, tanta coisa pra se gastar dinheiro...
Capetinha- Só vaidade política!
Zé Nojento - Caraca, mano! tu só fala difícil.
Capetinha - Essa semana eu fiz uma parada aí, só pra fazer um exame do meu filho.
Zé Nojento- Foi mesmo cara!? e ele tá doente é? de quê?
Capetinha- Ainda não descobriram, por isso que eu tive que levantar uma grana ai, pra fazer uma tomografia computadorizada.
Zé Nojento- E porque tu não foi para o SUS?
Capetinha- Meu irmão, se eu fosse esperar pelo SUS, dava tempo morrer eu, meu menino, meu papagaio e até meu advogado e esse exame não sairia,
Zé Nojento- E demora assim, é? Vige!
Capetinha -Tem um tal de um sistema que é mais lento que os processos na justiça, se o cara for esperar tá lascado.
Zé Nojento- Eles bem que poderiam comprar uma máquina de tomografia pra nossa cidade, com essa dinheirama do teleférico, não é?
Capetinha- Isso é quase impossível, a verba foi pedida ao Ministério do Turismo, então tem que ser gasta com turismo.
Zé Nojento- E por que não pediram essa verba para a saúde?
Capetinha- Sei lá! Vai ver que o ministro da saúde é mais amarrado, vê só o nome do ministro do turismo! Gastão Vieira.
Zé Nojento- Rapaz, tu sabe até o nome desses ministros, é?
Capetinha- O cara tem que se informar das coisas, doido!
Zé Nojento- Será que esse dinheiro dava pra comprar um tomógrafo?
Capetinha- Maluco, esse dinheiro dava pra comprar pra lá de dez máquinas de tomografia e ainda sobrava dinheiro, contando que o investimento gira em torno de 11 milhões e uma máquina dessas custa bem menos de 1 milhão, dá pra se ter uma vaga ideia.
Zé Nojento ?caraca, mano! é dinheiro demais!
Capetinha- Mas tinha um jeito desse dinheiro ser usado para a saúde e para o turismo!
Zé Nojento- Como?
Capetinha- Era só fazer um centro médico para o turista, que tal? Sendo que esse poderia ser usado pela população local também, afinal temos que receber bem nossos turistas.
Zé Nojento- É claro! Quanto mais turistas, mais dinheiro, quanto dinheiro, mais paradas.
Capetinha- Poderia também se construir uma base avançada de policiamento para o turista, lá perto do ponto turístico.
Zé Nojento- Tu é doido, véio! Não dá a ideia não, mano! tu quer bagunçar nosso esquema? Não quero mais polícia aqui não! tu pirou, maluco!
Capetinha- É mesmo, agora falei besteira!
Zé Nojento- falou mesmo!
Capetinha- até por segurança pública é obrigação do governo estadual, mas se por outro lado o município entrasse com a infraestrutura, não é possível que o estado não aumentasse o efetivo por aqui.
Zé Nojento ? ai era pior pra nós! Home! Cala essa boca!
Por Valeriano da Silva Andrade
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